quinta-feira, 6 de agosto de 2009

PEQUENAS BAFORADAS (AO AR LIVRE).

Você deve pensar que eu sou contra a lei antifumo que passou a vigorar em São Paulo. Não é bem assim. Tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim. Estamos rumando para a ilegalidade, o que pode recuperar um pouco do charme que o cigarro perdeu. Aliás, no Brasil, ilegalidade não é problema, é mercado.

Há uma certa obsessão nessa investida contra o cigarro. Fumar não é o único hábito que faz mal à saúde. Não vejo a mesma disposição das autoridades com as novelas da Record.

Pelo mesmo principio dessa lei, os senadores deveriam discursar na calçada.

O importante é não ser radical. Como dizia uma personagem de Ilana Kaplan: não me importo que alguém coma enquanto eu fumo.

O maior problema da lei antifumo não será nos bares e restaurantes. O duro mesmo vai ser nos motéis. Vai ver que foi por isso que, preventivamente, o prefeito Kassab investiu contra os bordéis. Agora só temos casas de intolerância.

Li que a lei antifumo abriu uma exceção para os atores fumarem no palco enquanto interpretam. Já é um progresso. Não fumar faz mal ao personagem.

Sempre me perguntam o que eu acho daquelas fotos que estampam o verso dos maços de cigarro, se funcionam ou não. Considero uma estratégia de marketing inovadora levar os colecionáveis para a indústria do tabaco.

Toda essa movimentação é em nome do fumante passivo – justamente o que deveria ser o menos preconceituoso.

O que ninguém diz é que algumas pessoas também fazem mal ao cigarro. E, no entanto, não estamos pressionando por nenhuma restrição. Por exemplo, não gostaríamos que ninguém da família Sarney consumisse nossos produtos. Abriríamos mão desse enorme público em nome de preservar a nossa imagem.